11 . CATARINA PERGUNTA QUEM PASSA PELA PONTE

11 . CATARINA PERGUNTA QUEM PASSA PELA PONTE

   Então aquela serva, cheia de ardoroso amor, dizia:
   - Ó inestimável e doce caridade, quem não se inflama de tão grande amor? Ó abismo de amor! Pareces enlouquecer pelas tuas criaturas, quase que sem elas não pudesses viver. No entanto, és Deus e não precisas de nós. Nossas perfeições não te enriquecem; és imutável. Nossos males não te prejudicam; és a bondade suma e eterna. Somente o amor, não a obrigação, nem a necessidade, torna-te tão misericordioso. Não precisas de nós, réus que somos e ímpios devedores. Se bem compreendo, ó Verdade eterna, eu sou a ladra e tu o condenado em meu lugar, pois vejo teu Filho, o Verbo encarnado, pregado numa cruz. Conforme revelaste a esta miserável serva, dele fizeste uma ponte para mim. Por tudo isso, explode meu coração; nem podia deixar de fazê-lo pela sede e desejo adquirido em ti.
   Recordo-me de que desejavas dizer-me quais são as pessoas que passam pela ponte, e quais são as que não passam. Com prazer eu veria e ouviria, se fosse do teu agrado explicar-me.