9 . CRESCE O DESEJO SANTO DE CATARINA

9 . CRESCE O DESEJO SANTO DE CATARINA

  
Então aquela serva, inebriada e como que fora de si, sentiu aumentar o próprio amor. Sentia-se feliz e sofredora. Feliz, porque unida a Deus, inteiramente mergulhada na misericórdia divina, saboreando sua imensa bondade; sofredora, por ver os pecados cometidos contra uma tão sublime bondade. Ela agradecia à majestade divina, que lhe mostrava os pecados dos homens, à fim de obriga-la a empenhar-se mais no zelo e no amor. Renovaram-se em Deus os seus sentimento internos, elevou-se a chama do amor e, devido à influência da alma sobre o corpo, começou a suar. A união do espírito com Deus era maior do que com o corpo. Eram o vigor e o calor da caridade que a faziam suar. Mas a serva não se preocupava com o suor de água; seu desejo era ver sair do corpo suor de sangue. Dizia a si mesma:
   - Ó minha alma, perdeste todo o tempo de tua vida passada! Por isso sobrevieram tantos males à santa Igreja, uns em particular, outros em geral. Quero que remedeies esse fato com o suor de sangue...
   Realmente, aquela serva recordava-se bem do ensinamento divino de conhecer a si mesma, de conhecer Deus em si, de fazer orações humildes, contínuas e santas, no intuito de remediar os males do mundo e aplacar a ira julgadora de Deus (2.3; 2.4). Impulsionada pelo desejo santo, afervorou-se mais ainda e na fé pôs-se a refletir sobre o amor de Deus. Ela compreendia experimentalmente quanto somos obrigados a desejar e promover a glória divina e a salvação da humanidade; ela via que, para tal missão, Deus chamava seus servidores, particularmente o diretor espiritual de sua alma. Então apresentou este último a Deus, rogando que infundisse nele a luz da graça, de modo que ele realmente seguisse a Verdade.